quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Um olhar sobre os olhos

"Há certas coisas no mundo
que eu olho e fico surpreso:
uma nuvem carregada
se sustentar com o peso
e dentro de um bolo d'água
sair um corisco aceso."

O Espetáculo -- Cordel do Fogo Encantado
(album: O Palhaço do Circo sem Futuro)



Existem muitas formas de se ver. Existe o olhar que não se conforma, o que deforma, o que se põe a ascender... Candeias de nosso corpo, cadeias de sentimentos, tantas coisas são os olhos, tantos molhos destas chaves que abrem e sabem outros tantos peitos!

Podemos levar os olhos afeitos a tanta mudança, ter olhos de assassino ou de criança. Podemos ter olhos cansados ou conservá-los meninos. Podemos mesmo não ver quando olhamos, pois muitas vezes sequer enxergamos por tanto olhar.

Por fim, pode-se conservar nos olhos a surpresa, como quem represa a natureza do espanto. Para tanto, deve-se desatar o que se pesa nos olhos e untá-los com óleos da inocência que ainda não se desfez, para que se conserve a ciência de olhar o mundo pela primeira vez.



Publicado no dia 26 de novembro de 2005 em
http://www.icaroberanger.blogger.com.br/.

Nenhum comentário: