segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A Estética do Acaso


Perguntas, tantas juntas, povoam o caminho. Aninho-me à sombra da dúvida. Sonda-me, túmida, a interrogação. São as mesmas perguntas que estão há milênios rondando o espanto. Certezas são dadas, pregadas, vendidas e ventiladas; não comprovadas, no entanto.

A perplexidade de haver mundo lança o imperativo do sentido, categórico imperativo ao fundo do espanto. Quantas respostas, quantos cantos se erigem pela incognoscibilidade da questão. Há sentido, há destino, há direção? Ou a destinação de tudo é o acaso? Não se faz músicas com sons a esmo, nem mesmo com tons por descaso jogados ao vento, ao acaso, à ondulação. Mas pode ser que a beleza do mundo, o profundo mistério da vida, enfim, a resposta querida esteja contida, não numa explicação, mas num silêncio.

Silencio, pois o ruído pode produzir a audição, me propõem as veredas que sigo, as alamedas que percorro enquanto persigo alguma explicação. De um esbarrão pode brotar um beijo, desejo que de um engano, uma amizade, temo que de um silêncio, uma maldição. Toda ordem de inesperados observa nossas esquinas, nossas quinas e adentra nossa casa, nossos lados, nossos corações.

Que regente logra conduzir esta louca orquestra, quem logra cerzir um vestido de frestas de sentido e, ainda assim, pôr botões harmonia no dia, na vida, no universo, como quer faz canções e versos? Que ética seguem os deuses e, se for o caso, qual é a estética do acaso?


Publicado no dia 10 de setembro de 2005 em
http://www.icaroberanger.blogger.com.br/.

Um comentário:

Jéssica Meneses disse...

Ícaro, obrigada! E quando teremos o prazer de ler coisas novas neste seu belo blog novo? Bem, de qualquer forma, após o criminoso sumiço do antigo, era necessário resgatar-lhe os textos.

Ah! E o senhor me deve também, agora, uns versos. Vou aguardá-los, viu? E sou ansiosa... rs

Beijos