sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Apocalyptic strings

O primeiro anjo tocou a trombeta. Saraiva e fogo, misturados com sangue, foram lançados à terra; e queimou-se uma terça parte da terra, uma terça parte das árvores e toda erva verde. (Ap 7,7)


Culto apocalíptico, distorções e cellos enlouquecidos. Virtuoses, vultos, sensações de um som em conflito.

A revelação da prece desperta instintos e estertores. No vão das palavras, consinto as cores do som, dos acordes, dos quatro cavaleiros desta orquestra. Cada meio-tom arranca convulsões da destra, confissões da testa, da boca, louca em seu ricto de profanação.

A hiper-ventilação de meu cérebro desassossega. A carne não nega, é muita crueldade a profusão destas loucuras. É uma saudade escura, desejosa de um não-sei. Espinhos de rosa rasgam o que entreguei de mim: a alma. É um caos sem fim, sem calma, é toda uma selvagem fauna em mim. As paragens mais díspares se encontram no fim do mundo. Estes acordes ímpares encontram em mim solo fecundo.

Se eu reencarnasse, quereria ser um cello, eis a face de meu belo desejo metafísico, do sobejo abalo sísmico que esta plangência me traz. No meu livro da Revelação, jamais a ciência de sete trombetas. Sob o peso da emoção de um cometa, confesso, presto, que em meu final dos tempos me contento, me refestelo, com um quarteto de cellos.



Publicado no dia 19 de abril de 2004 em
http://www.icaroberanger.blogger.com.br/.

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