domingo, 27 de janeiro de 2008

Platonismo prático-sentimental

Certo dia, uma bailarina dançava a morte do toureiro. Era Lorca em suas pernas, em todo o seu corpo. Era o que havia de pleno, numa beleza que a tudo ofuscava.

Lembro-me ter me encantado, num deslumbramento de quem encara uma estrela de frente. Seus movimentos eram raios de luz que emanavam de seu corpo tão gracioso. Impossível não se apaixonar por aquela lúbrica figura.

Quisera eu ter asas para voar em direção àquela estrela, como o Ícaro mitológico fez em direção ao sol. Inda que eu caísse com a cera das asas fundidas em minha pele, morreria pelas grandes altitudes e pelas altas claridades. Pela alva claridade daqueles olhos sempre lépidos, lúbricos e lúdicos. Eu, nunca lúcido, esqueço a fronteira do que é real naqueles olhos...

Tornei-me um admirador, destes que vivem nas sombras. Como a luz não enxerga as trevas, fiz-me anônimo no admirar, num desejo sentido por dentro de tocar a luz daquela estrela. Ela se chama Jamile. Era mais bela do que a estrela Aldebarã.

Por acaso, tu és esta estrela?



Publicado no dia 18 de janeiro de 2004 em
http://www.icaroberanger.blogger.com.br/.

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